Descrição enviada pela equipe de projeto. A fundação Alemã Pani contatou SchilderScholte architects para projetar um edifício educacional no norte de Rajarhat. O projeto é fruto de motivações ideológicas e compartilhamento de conhecimento. O edifício serve como um centro comunitário para a comunidade, de crianças à terceira idade.
Durante o processo de projeto, o foco voltou-se principalmente nos materiais disponíveis e nas condições climáticas. O ponto de partida era construir um edifício utilizando os materiais e técnicas construtivas proveniente de um raio máximo de 15 milhas do terreno: bambu, tijolos moldados à mão, madeira de mangueiras, aço reutilizado, argamassa local e painéis ondulados reciclados são os principais materiais utilizados.
Ao fazer isto, os arquitetos queriam encorajar os moradores da comunidade a tomarem conhecimento dos princípios básicos de conceitos de sustentabilidade e edifícios duráveis. De fato, os índices chegam perto de zero quando analisados os combustíveis fósseis e elétricos utilizados durante a construção, realizando um edifício dotado de sentido ecológico que contribui com a comunidade de maneira significante. A planta de 22 x 32 m é orientada leste-oeste e consiste de dois volumes por sobre uma grande cobertura de bambu.
As salas de aula e banheiros estão localizados na parte sul do conjunto, e ao norte, está a oficina com um pequeno espaço comercial. Duas linhas de visão atravessam o edifício em todas as direções. A altura da cobertura, que é superior à altura dos volumes construídos diminui significativamente a temperatura interna. O resfriamento adicional é acrescentado com a ventilação cruzada, vegetação abundante no entorno e um pequeno lago. Com a conclusão deste projeto, os arquitetos puderam provar que recursos e materiais locais convencionais podem ser utilizados para construir uma arquitetura sustentável não convencional.
Disposição
A composição de volumes abrigados sob a cobertura em U criam espaços intermediários que são abertos para uso público. Não existe desperdício de espaço; no térreo há uma pequena praça coberta com banheiros públicos próximos. No primeiro pavimento, acima das oficinas, existe uma área de livre acesso para reuniões públicas. Esta parte do edifício está ligada por uma passarela proveniente das salas de aula.
Uso de Bambu
Embora o bambu seja visto como um material inferior na região, os arquitetos resolveram fazer a cobertura inteiramente deste material. Até as paredes da sala de oficina são revestidas com este material, fazendo referência com os quadros de bicicleta feitos aqui com o mesmo material. A montagem final das bicicletas é feita atrás deste espaço, ainda em área coberta. A parte frontal das oficinas estão frente ao acesso principal e abriga uma pequena loja de bicicletas.
Características sustentáveis
De um ponto de vista bioclimático, a orientação do edifício permite a ênfase na ventilação natural cruzada, evitando gastos desnecessários com resfriamento. A cobertura do edifício é suspensa em ambos os lados, leste e oeste, oferecendo sombra, proteção contra a chuva e captação de água pluvial no jardim. O conceito foi combinar e otimizar as técnicas locais com materiais também locais. Para isso, a estratégia foi participar da evolução e modernização dos processos de construção locais sem romper com o 'know how' da população.
Ao norte de Bangladesh os edifícios são quase todos erguidos com tijolos combinados com painéis corrugados, por isto também propomos a utilização de tijolos, mas em uma ligação diferente - otimizada e localmente desconhecida, que não requer paredes inteiras em tijolos para a estabilidade, minimizando os custos e mantendo a principal vantagem: o uso de materiais locais e artesanais. Colunas de tijolos em forma de U suportam a fachada sul do edifício, criando assim, uma fileira de pequenas janelas verticais. Em última análise, isso pode ser entendido como uma única parede de pedra, uma grande economia em custos de construção, tempo e mão de obra.
As dimensões foram escolhidas com grande cuidado, de tal maneira que a luz direta do sol nas salas de aula foram minimizadas, mas ainda proporcionando iluminação natural otimizada. O uso de um pequeno lago para resfriamento natural das salas de aula foi considerado no projeto. As técnicas utilizadas neste projeto também são fáceis de serem aprendidas e difundidas, o que contribui para a modernização da construção local. A aplicação destes tijolos locais é mais barata e reduz o uso de madeira na construção através da combinação de bambu para as lajes de concreto, além de reduzir os custos de manutenção.
Natureza
Alguns elementos biomiméticos são colocados em teste aqui: Os volumes de alvenaria são rebocados e pintados apenas parcialmente. As paredes internas são pintadas em azul claro, tonalidade que evita moscas. Alguns elementos das janelas da sala de aula são pintados de amarelo, em uma tonalidade específica para repelir insetos. Aqui, optou-se pelo amarelo como cor dominante: faz referência às flores da planta de mostarda, um cultivo que colore grande parte do país entre dezembro e janeiro. Outros tons em cinza e preto, que por sua vez fazem referência à cor da terra antes e após as chuvas.